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23 de mar. de 2011

Fruta de desejos,Paulo Alvarenga/DEA


fruta de desejos

Fruta de desejos
Vou te domar
pelos instintos felinos,
te deixar manhosa e macia como
leoa em dia de sol.
acariciar seu ego,
te banhar de amor
no lençol,
quero uma noite apenas
de infinitos beijos,
comendo fruta fresca
de desejos...
Paulo Alvarenga

Pedras,Paulo Alvarenga e Adriana Leal/DEA


Pedras Enquanto soprava seus cabelos, o oceano cantou uma canção em meus ouvidos... Tudo é possível, no impossível deste mar infinito, Sou eu envolvido nos olhos que me enfeitiçaram! deitado na pedra por mim passaram... Luar que me carrega, devolva minha luz, Mar que transborda,faça minha voz chegar até meu amor... Esse mar, que impassível sem pressa, Lambe as pedras onde nos amamos, E banha o suor e o leite... Nessa manhã suave e quente de verão, retornamos... Orquestra sobre ondas, gaivotas sobrevoam, este mar que ruge pela proa... vento vem nos acordar, com esse ar quente que voa pelo ar, emite sons de violinos em Berlim... sussurrando contos eróticos no jardim da poesia, nos leva por essas ondas de magia... Nesse amor crepuscular, amor diferente, Amor ardente, dilacerado no seu calar... Só o som pode tocar... Nas águas desse mar de amor, Na pedra que você deixou...
Paulo Alvarenga e Adriana Leal

Quero seu corpo coberto de avelã,Paulo Alvarenga/DEA



Quero seu corpo coberto de avelã
banhado em petalas de flores pela manhã,
quero sentir o doce da sua pele no meu beijo,
um frescor que embreaga,
e seduz quem te ama,
esperar a chama acesa,
ao som do mais fino violino,
uma gota caindo em seu colo nú,
e o céu cada vez mais azul,
é nosso teto num jardim de Veneza,
estamos mais apaixonados do que nunca ,
minha princesa !
Paulo Alvarenga

Quarenta graus de tortura, Paulo Alvarenga/DEA


Paulo Alvarenga
Quarenta graus de tortura,

Quarenta graus de tortura,
A quilômetros daqui,
como prato servido aos deuses,
Que leva mel, dendê e pequi,
É o nosso amor,
Mesmo à distância,
Tem cheiro de lembrança
Adocicada,
tempero de esperança
De volta acelerada,
E gosto de espera que molha a boca
Á toda hora,
O nosso amor,
Mesmo com a distância,
Tem um gosto de surpresa,
Por isso me aqueço na certeza
Do encontro,
Vem depressa minha alteza,
o meu corpo é servido
na tua cama em bandeja de prata,
no lençol de cetim
onde queimo o teu corpo
A quilômetros daqui,
como prato servido aos deuses,
Que leva mel, dendê e pequi,
É o nosso amor,
Mesmo à distância,
Tem cheiro de lembrança
Adocicada,
tempero de esperança
De volta acelerada,
E gosto de espera que molha a boca
Á toda hora,
O nosso amor,
Mesmo com a distância,
Tem um gosto de surpresa,
Por isso me aqueço na certeza
Do encontro,
Vem depressa minha alteza,
o meu corpo é servido
na tua cama em bandeja de prata,
no lençol de cetim
onde queimo o teu corpo

Fogo em paraty, Paulo Alvarenga/DEA



Fogo em paraty
Ainda consigo
ver seus passos,
que dobram a esquina
em frente a velha cachaçaria
seu rebolar malemolente,
na saia justa e indecente
que tanto adoro,
quase que choro
quanto seu perfume vai se afastando
e começa a perfumar outros lugares,
beijo e me agarro nos colares
que deixaste aqui,
vou despedindo daquele beijo,
olho a cama desarrumada,
e meu corpo ainda quente,
como um prato de pequi,
jura te ver ainda
essa semana,
com a saia justa se abrindo
na minha cama,
e nosso coito emaranhado,
vai ateando fogo no que é gelado,
perfumando Paraty.

Madrugada quente/DEA



Madrugada quente


Era uma madrugada como destas que se fazem sentir agora – um calor intenso, ar abafado, quase irrespirável – e eu acabei por me deitar sem esperar por ele. Estava em vésperas de exame e tinha preferido ficar em casa naquele Sábado, como fazia sempre que estava em épocas de exame.
Daniel lá tinha ido trabalhar para o bar. Andava esgotado, eu bem o notava nas linhas do seu rosto, nas olheiras evidenciava, as noites mal dormidas e o tempo dividido entre trabalho e estudo, também ele em épocas de exames. Principalmente ao pensar que estava a tão pouco do final.
Deitei-me em cima da cama, com o lençol e o edredon puxado para baixo. No corpo, apenas uns boxers curtinhos e justos, como costumava andar por casa e nada mais, deixando os seios soltos, em contacto com o lençol debaixo do meu corpo.
Naquele apartamento quase não corria aragem e tinha preferido deixar a janela aberta. O Daniel não gostava de ar condicionado.
Os barulhos da noite entravam pela janela, mesmo muito ao longe. O quarto, virado para a rua principal, não era tão sossegado quanto a sala, cuja janela dava para o vizinho curioso que se sentava a ver a televisão junto da sua janela, espichando os olhos para o meu apartamento na tentativa de me ver deambular em trajes menores… ou nua.
O meu quarto recebia directamente as vozes dos amantes da noite e dos caminhares apressados do dia, sem qualquer filtro que afastasse os sons típicos de cidade.
Mas naquela noite, quase três da manhã, o único som que me entrava pela janela era um miado baixinho e o barulho de alguns carros que iam passando lá mais em baixo, na estrada. O miado talvez partisse do Pilas, o gato da vizinha do meu prédio, o já falecido Pilas, o sedutor da área. Ou de alguma gata que o procurava por ali.
Na minha cama, eu. Não uma gata – até porque eu detesto gatos – mas uma leoa à espera da chegada do seu leão. Não sem antes dormitar um pouco.
Pretendia passar apenas pelas brasas e acabei por adormecer profundamente, entrando naquela letargia do sono, impossível de definir se o que se vive é realidade ou apenas sonho. A última coisa que me lembro de sentir foi uma gota de suor que escorregou pelo meio dos meus seios, interrompendo o seu caminho na ponta do meu mamilo, num beijo pausado, caindo depois sobre o meu braço estendido na cama. Senti um arrepio de prazer e enquanto a minha mente embrenhava no sono, o meu pensamento ficou preso na lembrança de que eu e Daniel não fazíamos amor há três dias. A tensão por causa dos exames, o stress de um curso que estavas prestes a chegar ao fim, a proximidade de uma decisão sobre o futuro profissional, o trabalho, eram os factores que nos faziam chegar à noite e atirar para cima da cama, esgotados, adormecendo nos braços um do outros, entre beijos e carinho.
Mas eu sentia já a falta do sexo, e sabia que ele também. Por isso, tentara aguentar acordada naquela noite à sua espera, mas o meu corpo pedia cama e eu obedeci-lhe.
Acordei com o som da água a correr no duche. Sorri – Daniel tinha chegado e estava a tomar o seu duche habitual, antes de se deitar. Senti vontade de me juntar a ele, e se bem o pensei, melhor o fiz.
Saltei da cama, despi os boxers e entrei na casa de banho, sem que ele desse conta. Até que puxei o resguardo da banheira e ele me viu ali, nua, pronta para me juntar a ele. A surpresa nas suas feições foi algo que passou de forma fugaz, dando lugar a um sorriso intenso que terminou numa gargalhada. Entrei na banheira e abracei-o. – Dás-me banho, amor? Estou tão suada… – Dou-te um banho sim. Vou deixar-te toda lavada, limpa e cheirosa.
Claro que o banho se transformou em mais que um simples duche. Ensaboámo-nos, entre beijos, deslizámos a esponja pelos nossos corpos, deixando um rasto de espuma do gel e de calor do desejo. Os bicos dos meus seios e o seu membro eram os pólos de denúncia da volúpia que sentíamos, deixando que fosse o desejo a comandar os nossos gestos, no deslizar de dedos que penetravam em recantos, na pretensão de lavar pele, mas acabando por marca a carne com o fogo da paixão.
Amámo-nos debaixo da água que corria sobre os nossos corpos, comigo no seu colo, abraçando-o pela cintura, as suas mãos agarrando-me pelo rabo, enterrando os dedos nas minhas nádegas ao empurrar-me de encontro ao seu membro, para me penetrar mais profundamente naquele vaivém alucinante. Viemo-nos assim uma vez, perdendo o fôlego, as palavras, e as forças, escorregando pela parede até nos ajoelharmos na banheira, abraçados e trocando beijos lentos e meigos.
Passámos de novo a água pelos nossos corpos, limpámo-nos e fomos para a cama, depois de passar pela cozinha e arranjar uma pequena ceia.
Não demorou muito para nos envolvermos de novo, dando vazão à saudade que os nossos corpos sentiam de se possuir. Deitei-me entre as suas pernas e, agarrando no seu membro excitado baixei o rosto até lhe tocar com os meus lábios. Deliciei-me na pele macia, uma mão repousada na base, acariciando a carne que se me oferecia, a outra subindo e descendo suavemente em toda a sua extensão, enquanto os lábios e a língua iam deixando rastos de saliva, ao som dos gemidos de Daniel. Soergueu-se um pouco e, esticando um braço, tocou-me num seio. Senti a carícia e quis mais, o que me fez levantar e rodar o corpo, de forma a rodear a sua cabeça com as minhas coxas. Em silêncio, pedia-lhe que me fizesse sua assim. E logo senti a sua boca imparável, beijar os lábios quentes que se estendiam para ele, ainda escondendo um clítoris excitado.
Entregámo-nos sem tempo nem espaço a uma paixão que sempre nos dominou, ao desejo que sempre nos deixava aniquilados nos braços um do outro.
Foi uma madrugada intensa. Abrasiva.