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17 de mar. de 2011

Lúcia Afonso Não há partes prediletas.../DEA


Não há partes prediletas de teu corpo
que me excitem os sentidos
e me façam
as pupilas e a vagina mais molhadas,
como pedaços de um ícone quebrado.

Te quero pleno, inteiro e articulado
se enroscando em meus pedaços, a dar-me
uma visão inteira de mim mesma,
no espelho abissal de teu abraço.

Não há partes prediletas de teu corpo,
pois o que seria de mim, sob teu peso,
ao sentir teu pênis meu e teso
sem, antes, um afago nos cabelos?

Não há partes no todo predileto
de teu corpo, lábios, nuca,
a pequena marca sobre o peito,
mamilos, calcanhares, a garganta.

Partes...
e inteiro
me ficas, predileto,
no teu cheiro espalhado sobre a cama.

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