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20 de nov. de 2009

O ANJO NEGRO:

Anjo negro

Quando nasci um anjo negro,
desses que tanto protegeram os escravos me disse:
Vai Janda! Desbravar o mundo
Função muito difícil para quem é filha da escravidão
Minha história me vigia, e a pobreza me perseguia
A vida não é cor de rosa
E exclusão já havia
Os ônibus passam cheios de fome, desemprego e marginalização
Por que tanta desigualdade meu Deus
Pergunta o olhar perdido

Porém minha boca
não pergunta nada
tenho medo de repressão
o homem de colarinho branco,atrás do volante
é sério, convicto e dominador
Não precisa fazer quase nada para progredir
Meu Deus, porque me abandonaste
Se sabias que eu não era da elite
Se sabias dos 100 anos de escravidão

Vida vida dura vida
Se eu me chamasse Isaura
Seria personagem de romance, de novela
Sofreria por não corresponder a um amor
Saberia tocar piano, sentar-me à mesa e escrever poemas
Mundo, mundo vasto mundo
Mais vasta é a minha desilusão
Eu não devia ser assim
Mas as escolas, a falta de oportunidades
A falta de sonhos, o racismo velado
Esta falta de expectativa
esta falta de seriedade, de políticas públicas
Não me desviarão da minha missão.


de Jandaíra Fernandes da Silva
Gandú - BA - por correio eletrônico


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