Espera! Vou reordenar o raciocínio e excluir alguns advérbios.
Começo a repetir-me. Eu que abomino repisar as palavras, salvo quando pretendo dar ênfase a uma ideia, concluo-me despido de conteúdo e vazio de inspiração. Ah se fora como os outros! Os que são alegres, nulos na sua vanidade. Prosseguir o destino anulando-me, erguendo o estandarte da não-existência. Rasurar-me como a frase escrita a lápis na folha parda da sebenta das intenções. Atribuir à angústia a responsabilidade do desencanto e culpabilizar a náusea pela incapacidade do riso. Sei de florestas que jamais pisarei onde os animais continuam selvagens. Conheço a existência de montanhas cravejadas de grutas em cujas abóbadas as estalactites se conservam virgens. Idealizo-me gota cristalina a descair pelo calcário. Sonho… Mas acordo, e pela janela aberta da manhã, entra a frescura do dia, e o rebuliço ruidoso da civilização desperta-me para o egoísmo competitivo em que cada qual, eu incluído, só presta atenção ao seu pequeno umbigo.
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