ATÉ SEMPRE, COM AMOR
Dor oculta
Quando uma nuvem nômade distilagotas, roçando a crista azul da serra,
umas brincam na relva; outras, tranqüilas,
serenamente entranham-se na terra.
E a gente fala da gotinha que erra
de folha em folha e, trêmula, cintila,
mas nem se lembra da que o solo encerra,
da que ficou no coração da argila.
Quanta gente, que zomba do desgosto
mudo, da angústia que não molha o rosto
e que não tomba, em gotas, pelo chão,
havia de chorar, se adivinhasse
que há lágrimas que correm pela face
ATÉ SEMPRE, COM AMOR
À dor reajo sempre com amorE será assim até ao fim do mundo;
Será assim na ventura e na desgraça
O eco com fulgor dentro da taça...
Porque erigi a taça como senda
Do percurso sonoro corrigido,
Ornado no bordado da palavra:
Mito do que foi lido nesta lavra.
Cheguei onde reajo com um intento:
O de dar tudo o que me foi doado
No sonho lento em que ele foi formado
E em que tudo se forma com Beleza
O gesto borboleta, talvez g(i)esta
Ou brinde à mesa na taça duma festa.
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